Interação com o computador

Uma vez que a utilização do rato é completamente impossível a um utilizador cego ou muito difícil a um utilizador com baixa visão, a interação com o computador faz-se recorrendo a instruções digitadas no teclado.

Este teclado é absolutamente normal, igual a qualquer um comumente usado, sendo aplicadas as mesmas técnicas utilizadas na datilografia, que parte de uma linha de referência do teclado onde são colocados os dedos em sequência tal que, a partir dela, é possível digitar qualquer carater em qualquer posição.

Quase seria possível aplicar aqui a conhecida frase de Arquimedes, “Dê-me um ponto de apoio e levantarei o mundo”!

Para as pessoas com deficiência visual esse ponto de apoio ou referência é fundamental para o reconhecimento de todo o teclado.

A combinação de teclas, vulgarmente conhecidas como atalhos, permite aceder a opções do sistema, abrir programas, aceder a barras de menus, navegar na Internet e, em suma, realizar a quase totalidade das tarefas que se fazem com o rato.

Assim, esta interação dá-se a dois níveis, por um lado a utilização de teclas de atalho dos aplicativos utilizados, que permitem executar as mais variadas tarefas; por outro a utilização de comandos específicos do leitor de ecrã, que possibilita o feedback seletivo do que está a ser feito.

No caso dos dispositivos táteis, em que não existe nenhuma referência física, a interação com a tela é feita usando gestos de swipe, esquerda, direita, para cima ou para baixo, e toques que variam no número de dedos e quantidade de toques na tela.

Alguns sistemas operativos incorporam, de forma nativa, ferramentas que possibilitam a ampliação ou a leitura do ecrã. Por estarem incluídos no sistema, são de acesso gratuito.

O Windows inclui a Lupa para ampliação e o Narrator, um leitor de ecrã básico, mas que tem vindo a evoluir, principalmente no Windows 11.

O Mac OS inclui o Zoom, para ampliação, e o Voice Over para a leitura do ecrã. As mesmas ferramentas estão disponíveis para os dispositivos móveis com o sistema operativo iOS.

A Apple leva muito a sério o seu conceito de “acesso universal”, criando acessibilidade para todos os seus produtos, tanto dispositivos móveis como computadores.

Além destas ferramentas, os sistemas operativos possibilitam a personalização do ecrã para melhorar o conforto na utilização por pessoas com baixa visão mas que ainda não necessitam de ampliação do ecrã. Incluem-se a alteração do tamanho, espessura e tipo de fonte, dimensão dos ícones, alteração do fundo, etc.

Principalmente em Windows, é frequentemente necessário recorrer a software de terceiros. Estes oferecem mais funcionalidades, maiores níveis de personalização e seguem um calendário de atualizações fora do que é definido pelo fabricante do sistema operativo.

Existem soluções gratuitas e pagas. Destacamos os leitores de ecrã Jaws (Job Access With Speech), pago, e o O que é o NVDA, site oficial, acrónimo de NonVisual Desktop Access, gratuito. As escolhas referentes aos ampliadores são maiores, destacando-se o Magic, ZoomText e o Supernova, pagos e com suporte de voz, o Lunar, pago e ampliador apenas, o Lightning Express ou o DesktopZoom, ambos gratuitos.

Em ambiente Linux existe, incluído no sistema operativo, o leitor de ecrã “Orca”, com níveis satisfatórios de acessibilidade, no entanto esta plataforma nunca foi muito popular entre os utilizadores com deficiência da visão.

No apoio à vida diária, as pessoas com baixa visão podem usar lupas, desde as óticas tradicionais às eletrónicas.

Os cegos podem contar com inúmeros dispositivos falantes, como balanças, termómetros, medidores diversos, etiquetas Braille ou relevo, etc.

Ainda podem usar impressoras Braille para imprimir os seus textos, legendas, etiquetas, etc. Recorrendo ao computador, estas impressoras fixam no papel, por impacto ou tinta especial, os pontos de cada célula Braille. Impressoras mais complexas misturam Braille com relevo e impressão em tinta, produzindo documentos que podem ser lídos por pessoas com ou sem deficiência visual.

Uma boa parte destes dispositivos de apoio pode ser substituída por tablets ou smartphones.