As tecnologias de apoio para a surdez podem ser um elemento de ligação entre as duas línguas, a falada e a gestual ou de sinais, ou usadas para compensar perdas de audição leve ou moderada.
Entenderemos melhor quais e quando são escolhidas estas tecnologias conhecendo os Graus de perda auditiva, uma vez que a surdez não é, necessariamente, uma condição de tudo ou nada.
Ao abordarmos os recursos tecnológicos usados pelas pessoas surdas verificamos que uma boa parte deles não foi pensada especificamente para elas, mas nasceram de necessidades comuns a todos. Sistemas de leitura de legendas, ditado, amplificação e processamento de áudio são algumas das tecnologias transversais não só à deficiência auditiva, mas também a outras deficiências ou necessidades de uso.
Entretanto, iremos destacar uma tecnologia que, embora seja de utilização universal e impensável vivermos sem ela, ganhou grande importância no apoio às pessoas com perda auditiva funcional. Trata-se do sistema FM. Sim, esse mesmo que possibilita ouvirmos música, notícias, etc, e que, devidamente adaptado, pode ser extremamente útil para este grupo de pessoas. Isto porque os aparelhos auditivos convencionais e os Implantes Cocleares, embora disponham dos últimos avanços tecnológicos, muitas vezes não conseguem reproduzir integralmente a capacidade natural da audição humana de distinguir, selecionar e compreender determinados sons, principalmente os da fala, num ambiente ruidoso. E é exatamente neste contexto que o uso de um Sistema FM é essencial, pois permite a seleção e amplificação das emissões da fonte sonora escolhida pelo utilizador.
O sistema FM é um dispositivo composto por um transmissor e um recetor de frequência modulada, permitindo a transmissão das ondas sonoras diretamente da fonte emissora para os recetores auditivos, evitando as barreiras físicas e mecânicas que o som normalmente enfrentaria para chegar ao seu destino. O recetor de FM é acoplado nos respetivos aparelhos do utilizador e o transmissor fica próximo da fonte emissora de sons (que pode ser outra pessoa, Televisão ou rádio, entre outros).
Um dos grandes benefícios deste sistema acontece em ambiente escolar e de trabalho. A aprendizagem torna-se muito mais fácil para o aluno com deficiência auditiva quando a voz dos seus professores e colegas chega de forma mais compreensível aos seus ouvidos. Atualmente os dispositivos móveis são um excelente facilitador da comunicação para as pessoas com dificuldades de audição. Através de aplicações específicas, é possível traduzir a língua falada em língua gestual, converter sinais sonoros em luminosos ou vibratórios, converter texto em voz, amplificar e processar sinais de áudio, etc.
Sendo os dispositivos móveis pequenos computadores, mas com cada vez mais poder de processamento, as possibilidades de desenvolvimento de aplicações de apoio à deficiência auditiva são infinitas, sendo a criatividade o limite.
Um exemplo interessante é o projeto “Ludwig”, uma startup brasileira que pretende levar a música aos surdos.
Para conseguir esse objetivo, a equipa percebeu que, antes, era preciso mostrar o que é música para alguém que provavelmente nunca ouviu e não conhece essa sensação. Por isso, desenvolveram uma aplicação que, através de vibrações, introduz a sensação do que é a música para um surdo. Um tablet, ligado a uma pulseira emite uma vibração para cada toque feito no ecrã. Depois de escolher uma das músicas disponíveis na biblioteca do aplicativo, o utilizador pode ir seguindo as notas. As guias têm cores diferentes e ajudam o utilizador a acompanhar o ritmo da música tocada.
As preocupações com o acesso à informação passam pela disponibilização de texto ou legendagem de conteúdos e instruções por voz e a sinalização visual de avisos sonoros.
A informação de um conteúdo em formato de áudio ou vídeo poderá ser apresentada num texto fixo ou através de uma legenda dinâmica sincronizada em tempo real com o som
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